Cachoeiras da Chapada dos Veadeiros – 7 atrações incríveis para você colocar no seu roteiro
por às 22:22

cachoeiras-chapada-dos-veadeiros-22Como eu falei no post anterior, a quantidade de cachoeiras na região da Chapada dos Veadeiros é enorme e só na região de Alto Paraíso são 120 catalogadas!!

Na semana que ficamos por aqui, visitamos uma cachoeira por dia, sem correria, até porque muitas delas eram distantes para chegar de carro e as trilhas demandam bastante tempo também. E eu já estava com 4 meses de gravidez!

Antes de começar, vale lembrar do que você vai precisar para aproveitar, de forma confortável e responsável, o seu dia na cachoeira:

  1. Antes de mais nada, saiba se você tem o preparo físico adequado para percorrer as trilhas. Caminhar no cerrado, mesmo com tempo nublado, é uma atividade desgastante.
  2. Leve bastante água e um bom lanche, alimentos leves como frutas, castanhas e sanduíches. Quase nunca você vai encontrar um lugar na cachoeira para comprar alguma coisa.
  3. Utilizar roupas adequadas é essencial! Use boné ou chapéu e tênis ou outro calçado fechado. Chinelos e sandálias abertas não combinam com trilhas e, se arrebentarem, tornarão sua experiência desagradável, além de deixarem seus pés desprotegidos para se machucarem nas pedras ou serem alvo de animais peçonhentos (você está no meio da natureza, pode acontecer).
  4. Leve muito protetor solar e repelente.
  5. Observe, mas não recolha flores e pedras dos locais que você está visitando, e nem pense em molestar os animais.
  6. Todo lixo que você produzir deverá ser  trazido de volta à cidade, inclusive o lixo orgânico.
  7. É sempre importante lembrar que qualquer atividade em ambientes naturais envolve riscos e é provável que você não contará com serviço de resgate, portanto, aja com moderação e atenção sempre. Evite atitudes que possam causar acidente, como subir em pedras ou árvores e saltar no rio de lugares altos.

Depois desse meu momento “mãe”, vamos ao que interessa, as cachoeiras. Bom, esse roteiro de cachoeiras que fizemos levou em conta visitar alguns lugares que eu ainda não conhecia e estavam na lista e levar o maridão em outros lugares que eu já conhecia e classifico como imperdíveis.

Rota das cachoeiras

 

Cachoeira Loquinhas

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Como nos primeiros dias da viagem ficamos hospedados na fazenda Loquinhas, aproveitamos o sossego de poder acessar o complexo antes do horário de abertura para o público.

Dentro da fazenda Loquinhas é possível se hospedar na Druid’s Pousada Xamânica do Cerrado, que eu indiquei aqui.

Como Loquinhas fica muito próximo de Alto Paraíso, cerca de 3 km do centro, e o acesso é muito fácil, essa é uma cachoeira que fica bastante cheia. Mas que vale muito a pena a visita. São vários pequenos poços de águas cristalinas convidativas para um mergulho. Existem duas trilhas que você pode fazer dentro da propriedade. Ambas são feitas em passarelas de madeira que margeiam o rio e cruzam a mata ciliar. Entre um poço e outro é uma delícia observar os pássaros e procurar pelos lagartos e macaquinhos no meio da vegetação.

A estrutura é muito boa em Loquinhas, na entrada há uma espécie de lanchonete onde é possível comprar água e lanches, também há banheiros e um parquinho infantil. O valor de entrada era de R$20 em outubro/2015. É uma excelente opção para quem está com crianças e pessoas com dificuldade de locomoção. Aqui tem um excelente relato da Patrícia sobre a experiência dela e da família em sua visita a Loquinhas.

Almécegas I

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As cachoeiras de Almécegas ficam dentro da fazenda São Bento, muito perto de Alto Paraíso e por isso também sempre muito cheias. São 9 km de asfalto pela rodovia GO-239 (que vai de Alto Paraíso para São Jorge) até a entrada da fazenda. Dali são mais 3 km de estrada de terra, até a portaria onde você paga pelo acesso e escolhe em qual cachoeira ir – as opções são São Bento, Almécegas I e Almécegas II.

São Bento é um poço bem próximo da entrada, grande, porém o mais cheio de gente. As cachoeiras de Almécegas ficam um pouco mais para frente, sendo necessário fazer trilhas para alcançá-las. Almécegas II está a cerca de 300 metros de onde se estaciona o carro. Já Almécegas I fica a pouco mais de 1 km numa trilha considerada de nível médio, devido às subidas e descidas. Eu encarei numa boa, com meus 4 meses de gravidinha, mas no meu ritmo, sem pressa. Fato é que vale muito a pena ir até lá. A vista da chegada é deslumbrante, tem alguns mirantes para a gente apreciar a vista. Lá embaixo, o poço da cachoeira é enorme e a água desce por um paredão de quartzito de mais de 15 metros. Como o poço é fundo, as águas são escuras e geladinhas.

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Dentro da fazenda São Bento também existe uma pousada que parece ser bem bacana. O lugar tem uma excelente infraestrutura, com restaurante e muitas opções de atividades que vão além da visita às cachoeiras. Aqui também é uma excelente opção para quem vai com crianças – ressalva para os acessos mais distantes de Almécegas I.

Macaquinhos –  Vale do rio dos Macacos

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Nos idos de 2004, em um janeiro chuvoso, me juntei a um grupo de trabalho como geóloga da equipe que faria uma trilha de Alto Paraíso até o Vale do rio do Macaco para avaliar o potencial turístico da trilha. Foram sete dias caminhando embaixo de chuva e mapeando aquele lugar lindo! Todas as vezes que me lembro desse trabalho imagino o quão mais incrível ele seria se tivéssemos sol. Chegar no vale do Macaco me tirou o fôlego naquela época. E eu sempre quis voltar lá. Agora era essa oportunidade. E eu tinha razão – com sol, aquilo ali é muito mais incrível. O lugar é um belo complexo de cachoeiras e poços de águas verdes esmeralda com pelo menos 8 lugares para banhos entre poços e cachoeiras de deixar qualquer um de queixo caído.

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Para chegar lá, são cerca de 40km de Alto Paraíso, na rodovia que vai para Brasília, existe sinalização na estrada à esquerda para o acesso a estrada de terra que te levará até Macaquinhos (mais 31 km). Este é um passeio para o dia todo. A recomendação é ir de carro traçado, mas não se preocupe, dá pra chegar com carro de passeio sem maiores problemas. Quando você chega na recepção encontra um redário convidativo em meio a um camping bem bacana e estruturado com banheiros e cozinha, para quem quer ficar o máximo que puder nesse lugar especial e inesquecível. O lugar é registrado como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN Santuário das Pedras), mostrando a preocupação de seus proprietários com a preservação dessa natureza deslumbrante. Aqui, como em todas as áreas particulares da Chapada, você paga uma taxa para entrar (o valor era R$20 por pessoa em out/2015).

A trilha até a Cachoeira do Encontro (a mais distante) é longa e pode ser considerada difícil por boa parte das pessoas. Eu fiz de forma moderada carregando minha barriguinha de 4 meses de gravidez. Fui parando e respeitando meu ritmo, mas vale registrar que eu sempre fiz trilhas no meio do cerrado, então já estava super acostumada a isso antes da gestação. Se não for o seu caso, avalie até onde pode ir. Até porque no caminho você pode ficar se refrescando no Banho dos Macacos ou no Poço Sereno, que são bem próximos à sede e de fácil acesso. Além desses, no caminho tem o Banho Pelado, uma área reservada para a prática naturista – isso mesmo, você pode ficar pelado! – o Poço do Jump, onde o pessoal que curte saltar das pedras se joga no poço e a Cachoeira da Caverna, uma das mais bonitas, com um poço delicioso e enorme para se refrescar.

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Um relato super bacana sobre o lugar eu encontrei no blog Expedição Andando Por Aí.

Catarata dos Couros

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Essa é uma das poucas cachoeiras da região em que o acesso é gratuito. O acesso é super fácil e a trilha até o rio bem curta. O rio dos Couros faz o tipo ruidoso e caudaloso, com uma sequência incrível de corredeiras, cachoeiras e poços que você vai curtindo ao longo de uma trilha fácil, plana e curta.

E de repente você chega num janelão maravilhoso, com uma queda d’água linda e uma vista de tirar o fôlego. É possível descer até o poço, mas ali pra chegar é preciso um pouquinho de disposição e nesse dia o sol estava me castigando um pouco e o enjoo da gravidez também! Preferi não encarar a descida (que eu teria de subir depois :mrgreen: ) e esperei a galera no piscinão delicioso na parte de cima.

É importante lembrar que nos Couros não há nenhum tipo de estrutura, então venha preparado com seu kit cachoeira (água e comida). E o acesso é feito pela rodovia que vai de Alto Paraíso para Brasília, são cerca de 53 km de asfalto (tem indicação na estrada, a saída vai ser à direita) e depois mais 37 km de terra (nesse trecho é importante ficar atento às indicações nas bifurcações para não se perder).

Vale da Lua

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O Vale da Lua é o atrativo mais conhecido da Chapada dos Veadeiros, junto com o Parque Nacional. Aqui o rio São Miguel percorre uma geologia extraordinária que dá forma ao lugar. Tão extraordinária que fez o Ricardo Freire comparar às belezas do Atacama

O Vale da Lua é tudo isso que falam e mais um pouco. Uma beleza, ahn, atacâmica”

Para chegar aqui, pegue a estrada que vai de Alto Paraíso para São Jorge, há indicações na estrada e fica a cerca de 23 km de Alto Paraíso. Uma vez na sede, a caminhada é bem curta e fácil desde a entrada do lugar (600 metros da guarita até o rio em terreno plano e bem demarcado), onde você paga pelo o acesso (pagamos R$20,00 por pessoa) e tem a opção de usufruir da estrutura de banheiro e lanchonete, além das águas geladinhas e transparentes do rio e todo o visual do local. Aqui foi o único local onde vi uma espécie de salva-vidas na cachoeira – é que não tive certeza se eles atuam como salva-vidas ou apenas orientadores para que ninguém vá além dos limites permitidos de visitação. No mapa de acesso exposto na entrada do Vale, há demarcadas como área permitida de visitação 4 piscinas e 2 mirantes, sendo importante lembrar que, durante o período de cheias, as piscinas 1 e 2 ficam fechadas para o público. Porém, só nos foi permitido visitar até a piscina 3, era época de seca e o orientador que estava no local disse não saber nada sobre a piscina 4!

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Bom, agora falarei um pouquinho mais sobre as características super peculiares do Vale da Lua, que, pra uma blogueira geóloga como eu, não conseguiria me conter, afinal, vale a pena explicar um pouco sobre os processos geológicos que fizeram do conglomerado São Miguel, base do grupo Paranoá (os quartzitos da Chapada), esse cenário exótico, de rara beleza, modelado pela erosão fluvial.

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O Vale da Lua é enquadrado nas categorias de sítio sedimentológico, estratigráfico e geomorfológico. As rochas dessa unidade são representadas por paraconglomerados, mal selecionados, de coloração cinza e ricos em carbonato, sendo esta última característica a responsável pela ação diferencial da erosão fluvial, ou seja, o que resulta nas formas peculiares esculpidas nas rochas que vemos e dão forma e fama ao lugar. O nome Vale da Lua foi dado exatamente devido a essas formas que se alternam em  reentrâncias, caldeirões e superfícies lisas que vemos no leito rochoso e lembram um pouco a superfície lunar.

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É muito importante dar essa informação aos visitantes sobre as condições de formação das rochas (incluindo ambientes deposicionais e processos sedimentares), uma vez que há grande confusão por parte do público em geral, que, em muitos momentos, acredita estar diante de uma rocha de origem vulcânica e não sedimentar. É importante, também, que se dê maior ênfase aos avisos sobre a importância da preservação da área, sobre a proibição de retirada de amostras de rocha e sobre a manutenção da limpeza do local.

Raizama

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Localizada a 6km de São Jorge, dentro de uma fazenda, logo na chegada você se depara com um palco cheio de figuras lendárias do rock, dando um clima muito interessante ao local. Ali acontecem diversos festivais e shows ao longo do ano, vale a pena consultar a programação.

A trilha que dá acesso ao rio começa logo nos fundos da área de convivência, onde você paga a entrada (custava R$20/pessoa em out/2015) e pode acessar o bar que vende bebidas e alguns snacks.

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Raizama é diferente, fica encaixada em um cânion, onde tem vários pontos de corredeira e pequenas cachoeiras e áreas onde se formam piscinas. É importante ir cedo, pois o sol desaparece rápido por ali. O acesso é fácil e a trilha curta o que facilita vir com crianças. Já pessoas com dificuldade de locomoção terão dificuldade, devido a vários trechos com escadas.

Parque Nacional Chapada dos Veadeiros

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O Parque é patrimônio mundial natural da Unesco desde 2001, tem uma área enorme (65 mil ha). A entrada do parque fica no vilarejo de São Jorge, que dista 36 km de Alto Paraíso. Atualmente não há cobrança de ingresso para entrar. Na recepção você preenche uma ficha com seus dados e recebe todas as orientações a respeito do parque – horário de funcionamento, quais as trilhas permitidas, se estão funcionando e como está a quantidade de água nas cachoeiras.

Existem hoje na parque quatro trilhas permitidas para acesso ao turismo – a Trilha dos Saltos, a Trilha dos Cânions, a Trilha da Seriema e a Travessia das Sete Quedas. Essa última foi aberta recentemente e é a única que permite o pernoite acampado no parque – está na minha listinha futura!

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Nessa nossa visita encaramos a Trilha dos Cânions. Essa trilha tem cerca de 12 km ida e volta e dá acesso a cachoeira da Carioca (conhecida como Carioquinhas) e ao Cânion II. O percurso, apesar de longo, é muito tranquilo, o terreno é praticamente plano, o que não foi tão desgastante para a gestante aqui 🙂

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Um aviso importante é sobre o horário de fechamento do parque. O portão fecha às 18h, todos precisam estar fora do parque até esse horário, portanto, preste bastante atenção no tempo que você levará de volta, independente da trilha que tenha escolhido fazer.

É isso, foram essas as atrações que curtimos em nossos dias na Chapada dos Veadeiros. De uma forma bem tranquila, aproveitamos dia a dia um atrativo diferente, debaixo do sol do cerrado e com uma barriguinha já proeminente da minha gestação que estava começando.

 

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